(In)diferenças
Pelo amor de deus, quando vamos aprender a conviver com as diferenças como diferenças e não inimizades? Cada ser humano é um universo único. Só estamos compartilhados em certos grupos por uma afinidade de defesa, de segurança, de autoafirmação e de afeto. O coletivo pode ser coletivo interiormente - nem é essa a questão - mas externamente não. Pra haver um coletivo com um consentimento X, há de haver um coletivo de consentimento Y. E o reforço identitário só se manifesta quando o mesmo corre certo perigo, ou seja, a identidade só existe quando coexiste com a anti-identidade. Chega dessa dicotomia. A autonomia vem com a diferença. Sem papo de prezar pela igualdade. Ela não existe. É um esforço falho lutar por isso. Temos que lutar à favor e pelo respeito às diferenças, seja elas quais forem. São elas que nos mantêm vivos, humanos, indivíduos. São elas que nos inspiram, nos trazem curiosidade, imaginação, sonhos. Matando o outro matamos o eu, e assim, provamos que o contrato social pode ser jogado no lixo. Nada é desumano, nada é transcendente, nada que interiorizamos é irreal. Que usemos a fantasia conscientemente para depositar nossas angústias e produzir o belo, não pra categorizar o diferente. O diferente está ao nosso lado. O diferente, sobretudo, está dentro de nós.
Por Rodrigo Schames Isoppo
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